Termos cinematográficos
ALGUNS TERMOS BÁSICOS
Cinema: do grego: – kinema “movimento”. Que significa a arte/técnica de fixar/reproduzir imagens que criam ilusão de movimento produzem movimento.
Roteiro: a história do filme escrita em papel. Com as falas e tudo que for pertinente para a composição do filme.
Quadro/Frame/Fotograma: a imagem única estática do filme, é a menor unidade de um filme. Várias imagens (frames) geram ilusão de movimento. Em geral, o ritmo é 24 quadros por segundo. Hoje em dia não é necessário mais gravar em película, devido a digitalização do cinema.
Tomada/Take: tudo que é registrado pela câmera (do play ao stop).
Plano: pedaço sem interrupção no filme, o que não é cortado na filmagem.
Cena: sequência de planos em uma mesma locação e em um mesmo tempo (sem elipse). Quando muda a locação, muda-se a cena.
Sequência: conjunto de cenas (duas ou mais cenas) que formam um “capítulo” narrativo.
Enquadramento: enquadrar é estabelecer o que fará parte do filme no momento de sua realização. Em termo mais operacional, é definir a forma como o espectador captará o universo criado no filme. O enquadramento é dependente de três elementos: plano, ângulo e lado do ângulo.
Corte: após o registro em tomada, o filme deve ser cortado. Corte é a passagem entre dois planos.
Elipses: salto temporal que não mostra a passagem do tempo.
planos
Quanto à distância do objeto filmado:
A) Plano Aberto/Geral / Long Shot: Câmera fica longe do objeto principal, tem o objetivo de demonstrar o cenário
(Filme: Intriga Internacional, Hitchcock, 1959).
B) Plano Médio: é o plano entre o geral e o close up. Também estabelece relação entre o objeto principal (ator ou atores…) e o cenário. Estudiosos debatem sobre a natureza deste plano. Há quem diga que o plano médio enquadra todo o personagem com espaço negativo (ar) entre os pés e a cabeça. Mas também há quem diga que consiste em enquadrar o personagem da cintura para cima.
(Filme: O Iluminado, Kubrick, 1980).
C) Plano Fechado/Primeiro Plano/Close Up: a câmera situa-se bem próximo ao objeto principal, da linha do peito para cima. Possui um maior valor dramático, buscando salientar a expressão do personagem, intimidade.
(Filme: 12 anos de Escravidão, Steve McQueen, 2013).
D) Plano Conjunto: dois ou mais personagens, interessando em mostrar a interação entre eles, mas sendo possível ver boa parte do cenário.
(Filme: Festim Diabólico, Hitchcock, 1948).
E) Plano Americano: câmera registra o personagem do joelho para cima. Muito usado em filmes de Western para mostrar o saque da arma e os movimentos dos membros envolvidos nesse tipo de cena (cenas de duelos).
(Filme: Por uns dólares a mais, Sérgio Leone, 1965).
F) Primeiríssimo Plano/ Big Close Up: linha do ombro para cima, usado para imagem de choque.
(Filme: 2001 – Uma Odisséia no Espaço, Kubrick, 1968).
G) Plano Detalhe: foca-se em uma especificidade do rosto ou do corpo do personagem.
(Filme: Bruxa de Blair, Eduardo Sánchez, Daniel Myrick, 1999).
ÂNGULOS
Quanto à altura:
A) Ângulo Normal: na altura dos olhos.
(Filme: O Lobo de Wall Street, Scorsese, 2014).
B) Plongée: câmera alta, acima do nível dos olhos, com objeto abaixo. Em francês significa “mergulho”. Usado para transmitir a inferioridade do objeto principal (diminui a noção de dimensão) em relação a algum aspecto narrativo. Este ângulo, tendo em vista personagens, sugere algo acima do próprio personagem que abala seu equilíbrio emocional (medo, temor, apreensão…) – de cima para baixo.
(Filme: Harry Potter e a Ordem da Fênix, David Yates, 2007).
C) Contra Plongée: câmera alta com objeto abaixo. Usado para transmitir o oposto do Plongée, isto é, superioridade de objetos e personagens em relação ao aspecto narrativo – de baixo para cima.
(Bastardos Inglórios, Tarantino, 2009).
Quanto ao lado
A) Ângulo Frontal: câmera em linha reta com o nariz do personagem.
(Filme: A Pele que Habito, Almodóvar, 2011).
B) Ângulo ¾: câmera a 45° do nariz do personagem
(Filme: O Grande Lebowski, Ethan Coen, Joel Coen, 1999).
C) Perfil
D) Nuca
Quanto ao movimento
A) Panorâmica: o plano em que a câmera gira sobre seu próprio eixo, horizontalmente, verticalmente oblíqua ou circular, mas sem deslocamento.
B) Plano de Ambientação/Estabelecimento: possui a finalidade de apresentar o universo a ser explorado, é um plano geral em movimento.
C) Travelling/Traking Shot: a câmera se desloca no espaço geralmente por meio de dolly (carrinho em cima de um trilho).
D) Grua: guindastes onde câmeras são instaladas e operadas por meios de comandos. Possibilita movimentos amplos, sair de um plano detalhe e ir para um plano geral, por exemplo. Em filmes de ação, são instaladas gruas em carros ou outros veículos com o objetivo de acompanhar o movimento.
E) Plano Sequência: plano longo, sem cortes. Se algo der errado, tudo será refeito. Confere teor realista às produções.
F) Plano Holandês: câmera inclinada, usada para passar instabilidade psíquica.
G) Lapso de tempo: acelerar imagem, geralmente urbanas.
H) Câmera tremida: filmes de ação.
Lembrando que todas essas técnicas podem e são combinadas para a construção narrativa.
MISE – EN -SCÈNE
Há dois pontos na arte de fazer cinema: o que você faz com a câmera, como operar a câmera (enquadramento), o outro é o que você quer registrar com a câmera, eis a mise -en- scène. Em tradução literal do francês é: obtenção em cena, mas podemos dizer que é “colocar em cena”, ou seja, disposição de elementos na construção narrativa. É a parte técnica cinematográfica com que mais estamos familiarizados, mesmo sem nos dar conta: muitas vezes não lembramos ou não percebemos artisticamente (de forma consciente) os cortes, os planos, ou a movimentação de câmera, mas lembramos do figurino, das tonalidades da fotografia…
Elementos da mise – em – scène
1- Cenário / locação
2- Figurino e Maquiagem
3- Iluminação
4- Encenação: movimento e interpretação (atuação)
Os conceitos inerentes aos elementos acimas expostos são extensos e fica para um futuro texto.
PÓS-PRODUÇÃO
Montagem e Edição Em termos gerais, diz-se que montagem é o mesmo que edição, mas edição não é o mesmo que montagem. Varia de acordo com o país e a linha metodológica adotada. É um ponto polêmico. Há linhas que veem a montagem como algo mais conceitual, remetendo ao sentido do filme, cabendo à edição a parte mais técnica do processo. No primeiro sentido, a montagem é o conceito por trás da técnica de edição. No Brasil, comumente, montagem é utilizado para o cinema e edição para televisão e vídeos, mas é uma dicotomia muito controversa, tal como podemos demonstrar com as seguintes citações:
“Cortar [cutting] ou editar [editing] um filme é ligar os planos fisicamente na ordem em que eles devem ser projetados” (Kawin, 1992: 49).
Planos e cortes compõem praticamente todo o mundo visual do filme, tanto quanto as palavras e sua ordem compõem a frase, ou uma sequência de frases torna-se um livro. O termo genérico para o que foi organizado no âmbito do plano é mise-en-scène. O termo genérico acerca de como os planos estão ligados é montagem [montage] (Estes são dois dos mais importantes e problemáticos termos nos estudos de cinema …) […] o espectador interpreta a montagem para estabelecer o que esses pontos de vista distintos podem ter a ver um com o outro (Kawin, 1992: 51).
A edição [editing] é a arte de tomar decisões sobre o comprimento do plano, seleção e sequenciamento. Corte [Cutting] é o ato de emendar pedaços de filme. Decidir o quanto incluir de um plano em um filme, sugerir e manipular sua matriz interpretativa, cortando entre dois planos, é o trabalho do editor do filme” (Kawin, 1992: 436).
Alguns elementos:
Fade in: aparição gradual da imagem por meio de iluminação.
Fade out: desaparição gradual da imagem por meio de iluminação.
Fusão: sobreposição de imagens.
Trilha sonora:
A) Música Diegética: a música está dentro da narrativa do filme, o personagem escuta a música.
B) Música Extradiegética: a música não está dentro da narrativa do filme, o personagem não escuta a música, ela é dirigida ao espectador para manipular atmosferas e emoções.
CORTES
Como já dito acima, corte é “a passagem entre dois planos”.
Alguns tipos de cortes:
A) Standard Cut/ Hard Cut/ Corte Seco: é o tipo mais comum nas edições. É o corte sem efeitos de transição e apenas isso.
B) Jump Cut: é um tipo de corte seco (sem transição) que produz dois planos a partir de uma tomada/take de forma brusca, indicando passagem de tempo pequena. Muito usado em edições de conteúdos produzidos no YouTube, pois funciona eliminando pausas e falhas comuns às falas.
C) Cutting on Action: passagem de um plano para o outro, onde o último coincide com a ação do primeiro plano. O corte é feito no momento da ação, e é finalizada no outro plano. Utiliza-se, bastante, em cenas de lutas.
D) Cutaway: corte que interrompe um plano e insere um elemento que não estava em cena anteriormente. Um objeto que contribui tanto para a contextualização, quanto para a dramaticidade narrativa não só pelo seu significado, mas pela suspensão do desenrolar do primeiro plano.
E) Cross Cut: também chamado de “edição paralela”. Usado para contar acontecimentos em lugares distintos ou histórias paralelas sincronizadas.
F) Match Cut: corte que mostra cenas diferentes, mas com imagens semelhantes e com aspecto de continuidade (um cano pingando e logo após gotas de chá pingando na xícara).
G) Smash Cut: corte repentino onde, geralmente, não haveria um corte. Normalmente a passagem ocorre entre cenas com carga emotiva bem diferentes entre si (tensão x tranquilidade). Suspende a carga emotiva e a dramaticidade, mas cria-se uma expectativa e uma interrupção emocional no espectador.
H) Invisible Cut: produzir a ilusão de que não há um corte. É feito focando um objeto escuro no fim da primeira sequência e no começo da próxima (vide filme Festim Diabólico, Hitchcock).
I) J Cut: áudio do segundo corte chega antes da sua imagem.
J) L Cut: áudio do primeiro corte é prolongado para o segundo corte.
Kawin, Bruce. How Movies Work. Berkeley: University of California Press, 1992