Crítica: Suíte Havana

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O efeito Kuleshov implica visões forçadas por uma sobreposição de imagens diferentes, seria Suite Havana o efeito Kuleshov do documentarismo?

O documentário Suíte Havana

A palavra que podemos usar para definir o documentário do Fernando Perez talvez seja duplicidade. Em meio de imagens bonitas e silêncios dramáticos, somos apresentados a figuras comuns da maior cidade cubana e acompanhamos a dura vida de pessoas que nos mostram que a revolução falhou em muitos aspectos, mesmo tendo acertado em alguns.

É bem verdade que em momento algum nos é mostrado que os personagens sofram de problemas comuns até mesmo em países muito mais desenvolvidos que Cuba, como a fome ou a falta de moradia, esse é o ponto positivo da revolução.

No entanto até mesmo em uma sociedade mais igualitária, a “automação” do homem se mostra um fator depressivo pertinente.

As ambiguidades cubanas em Suíte Havana

Todos têm trabalho em Cuba, as crianças vão à escola os idosos aposentados ficam em casa ou encontram atividades complementares de renda como em qualquer outro país do mundo.

O grande problema que nos é mostrado, apesar disso, é a dualidade entre trabalhar com algo e sonhar diferente, embora essa não seja uma questão exclusiva dos cubanos.

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Perez nos mostra de uma maneira subjetiva, utilizando o silêncio (e às vezes músicas características do país, em conjunto com planos que enquadram expressões sérias dos personagens durante o seu período de trabalho), que até mesmo em uma sociedade tida como utópica por muitos moradores de outras nacionalidades, os nossos sonhos são suprimidos em troca de “levar a vida”.

Ao cair da noite, a diversão, as festas, são a válvula de escape do povo cubano para esquecer a dura realidade que muitos têm, o que nos permite separar Cuba em dois países: a “Cuba Diurna” e a “Cuba Noturna”.

Na Cuba Noturna os cidadãos soltam-se, removem seus “parafusos de autômato” e se libertam, são felizes, esquecem-se das suas frustrações para viver parte dos seus sonhos por pelo menos algumas horas.

A reflexão de Suíte Havana

Suíte Havana não é apenas uma reflexão sobre a realidade cubana, tão dura quanto a nossa.

É também um lembrete de que a afirmação do homem na sociedade como “um ser mão de obra”, é um esmagador dos anseios de felicidade, um pensamento desumanizador que se não for mudado transformará pessoas de várias nacionalidades em “Amanda Gautier”, que já não tem mais sonhos.

E aí, qual sua opinião sobre Suíte Havana?

Concorda, discorda sobre a visão apresentada de Cuba? Veja mais das nossas críticas aqui mesmo. Comece por um terror oriental! À sombra do medo.

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