Crítica | A Forma da Água
O único jeito de começar a falar sobre A Forma da Água é dizendo uma palavra: belíssimo! Novamente Guillermo del Toro nos presenteia com seu mundo de fantasia, delicadeza e amor, fazendo com que fiquemos hipnotizados pela trama do começo ao fim.
Ambientado na década de ’60 durante a Guerra Fria e com muitas discordâncias políticas, Elisa (Sally Hawkins), uma mulher muda com costumes muito simples, tendo sua rotina metódica e quase solitária, não fosse pelas conversas com seu amigo e vizinho Giles (Richard Jenkins), é uma das muitas contratadas para ser zeladora em um laboratório secreto do governo. Sua única amiga e colega de trabalho, Zelda (Octavia Spencer) sempre gostou de conversar muito com Elisa, deixando o ambiente no qual elas se encontram mais leve e descontraído. Papel muito bem designado para Spencer, que consegue dar aquele alívio nos momentos de tensão e despertar a empatia quando toma decisões que o público também tomaria se estivem em seu lugar.
Após a chegada de uma criatura aquática no laboratório quase que instantaneamente Elisa sente-se, de alguma forma que nem ela mesma consegue compreender, atraída por ela. Às escondidas de todos, começa a se aproximar da criatura, primeiro tentando estabelecer sua forma de linguagem por meio dos sinais, depois por meio da música e finalmente acontece um laço sentimental entre ambos. Durante todo esse processo a personalidade de Elisa também é afetada a medida que seu envolvimento com a criatura aumenta, percebendo-se que sua rotina muda, seu olhar atenta-se para outras coisas que antes não a chamavam a atenção e até começa a sonhar que aquela criatura seja seu “príncipe encantado”.
Como parte do experimento e também como forma de torturar a criatura, Richard (Michael Shannon), um dos encarregados do laboratório e braço direito do general percebe a aproximação de Elisa, o que faz com que ele tenha ainda mais raiva e vontade de machucar a criatura. Sádico, fica obcecado por acabar com a vida dele e de quem mais estiver envolvido.
A trilha sonora foi muito bem escolhida, tanto nos momentos de mistério quando ainda não havia se estabelecido nenhum contato entre Elisa e a criatura, ou quando a moça se colocava a sonhar com seu par romântico, até imaginando cenas de musicais a dois. Até mesmo uma preciosidade do nosso tropicalismo brasileiro se faz presente no longa com uma música de Carmen Miranda.
É interessante dizer que a relação amorosa entre os dois vai além de meros tocar de mãos e abraços, há cenas com o apelo sexual muito bem colocadas que não vulgarizam, de nenhuma forma, os dois. Na verdade, desde o início do longa mostra Elisa como sendo uma mulher comum, e como tal sua sexualidade também é.
Como todos os “amores impossíveis”, acontecem muitos fatos que quase impedem os amantes de permanecerem juntos, mas o desfecho dessa trama acontece de modo surpreendente e enaltecendo ainda mais o “conto de fadas” de Elisa. Mas para os bons observadores, não será uma surpresa.
Certamente Toro acertou mais uma vez com sua inconfundível fórmula de fazer cinema, mesclando seus sonhos, pesadelos e fantasias com os nossos. Assistam e permitam-se levar!
Trailer:
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