Vertigo é um selo da editora de quadrinhos DC Comics. Essa divisão opera sob o nome Vertigo para diferenciar-se da linha mais popular e familiar que já conhecemos, preservando, assim, uma melhor imagem. Ai você pergunta, por que todo esse cuidado? Porque Vertigo é o selo mais maduro da DC. Seus quadrinhos lidam com temas mais adultos como nudez, exposição sexual, uso de drogas, xingamentos e violência. E bota violência, porque tem muita.
Você deve conhecer alguns longas já adaptados dos quadrinhos da Vertigo, como ”Watchmen”, e ”V de vingança”, que na minha opinião são grandes filmes. E, sim, Preacher faz parte desse selo, que tem a difícil tarefa de transmitir os quadrinhos para a série. Mas apesar de acertar em muita coisa, ainda deixou um pouco a desejar.
Existem muitas mudanças em relação aos quadrinhos originais, além de ter um ácido humor negro e personagens demasiado insanos.
A HQ criada por Garth Ennis e Steve Dillon, acompanha a história de Jesse Custer (Dominic Cooper), um ex pastor que foi possuído por uma entidade sobrenatural. Com isso lhe foi conferido o poder de fazer com que qualquer pessoa o obedeça, fazendo de sua vontade uma ordem. Essa entidade (chamada Gênesis) é fugitiva do Paraíso e perseguida por anjos que a buscam para prender. Porém estes quando descobrem que ela e Jesse Custer se tornaram um só, o objetivo passa a ser matá-lo, além de enviar o Santo dos Assassinos, um matador do Século XIX, para persegui-lo.
Junto a Custer, temos sua ex namorada Tulipa (Ruth Negga) e o personagem mais badass na minha opinião, o vampiro irlandês sexy e bêbado Cassidy (Joseph Gilgun). Juntos eles partem em busca de respostas, procurando, ninguém mais ninguém menos, que Deus. Adaptar issos para as telas não tinha como ser uma tarefa fácil.
A produção da série fica nas mãos de Seth Rogen e Evan Goldberg, que já produziram vários longas juntos, sendo em sua maioria comédias. Um bom exemplo é “Superbad”, um dos filmes mais engraçados que já vi. Seth e Evan tomam algumas liberdades criativas para facilitar o entendimento da trama. Com isso o drama entre Jesse e Tulipa ganha um foco ainda maior, ao mesmo tempo em que o passado do pastor é alterado para ficar menos perturbador. Também foram introduzidos alguns personagens secundários, que até se tornam interessantes, mas por serem mal aproveitados acabam não vingando.
Podemos dizer que a primeira temporada de ”Preacher” não passa apenas de um prólogo para a segunda, já que de fato é quando a série começa a seguir mais à risca os quadrinhos. Antes disso muita coisa havia sido descartada e jogada fora. Por outro lado, a série acerta em cheio e impressiona com seu elenco, cenas divertidas, ótimas atuações e muito humor. Destaque para o trio principal que transborda no fator personalidade. Um bom exemplo disso é a boa atuação de Cassidy, nosso vampiro, que consegue transmitir muito bem a essência do seu personagem nas cenas tristes, felizes, ou mais agitadas, ganhando ótima visibilidade com isso, é se tornado um dos preferidos de todos na série e quadrinhos.
A versão vivida por Joseph Gilgun parece saída direto das páginas escritas por Ennis. Desde a linguagem corporal de bêbado relapso, até o sotaque irlandês, o ator acerta em cheio com uma bela atuação, divertindo e entretendo muito o telespectador. Também o toque na produção de Rogen e Goldberg caiu muito bem, gerando excelentes cenas de ação e humor que te farão ficar perturbado. Outro que devemos destacar que acaba sendo bem adaptado (é bem representado, pelo ator) mas não bem aproveitado, carinhosamente apelidado de ”Arseface”, o nosso querido Eugene (Ian Colleti) um garoto que cresceu em um lar abusivo e tenta se suicidar imitando seu ídolo, Kurt Cobain, mas um pequeno erro de cálculo faz com que o tiro não seja fatal e o deixe com um rosto completamente deformado, ele só passa a ter uma visibilidade é importância maior apenas na segunda temporada, mas com aparições boas nessa primeira.
Preacher tem muito potencial como programa de televisão, e sua segunda temporada acertou mais do que errou. Eles aprenderam com os erros da primeira, e trouxeram uma melhor experiência para o público. Além de aperfeiçoar a adaptação dos quadrinhos, passa a ter mais ritmo e chega direto ao que interessa. Na minha humilde opinião ela é muito boa e com grandes momentos. Claro que tem seus erros, pois nenhuma adaptação pode ser perfeita. Mas não deixa de ser uma grande série, que merece verdadeiramente sua atenção.
Um beijo do Eugene para todos.
Texto feito por Ruy Neto