Crítica | O Insulto – A eficácia da explicação

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Sinopse: Em Beirute, um insulto explosivo leva Toni, um cristão libanês, e Yasser, um refugiado palestino, para o tribunal. De feridas secretas a revelações traumáticas, o circo midiático que envolve divide o Líbano em uma crise social, forçando Toni e Yasser a reconsiderarem suas vidas e preconceitos.

Do diretor libanês Ziad Doueiri, O Insulto é um dos atuais filmes concorrendo na lista de filmes estrangeiros do Oscar, e prova com pontualidade que é preciso voltar a atenção para as produções orientais, remodelando a centralização de um cinema ocidentalizado e especificamente, americanizado.

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Com um roteiro bem elaborado, a obra consegue promover de forma perfeitamente linear as etapas de desenvolvimento da narrativa, através da elucidação progressiva da trama, contando com um momento inicial de calmaria, gerando pouco a pouco os conflitos de um jeito pontual, sóbrio, e bem aplicado.

Não fosse a capacidade de instituir de modo concreto o roteiro linear, existe também o grande feito evidenciado pelo trabalho: O potencial de expansão de um evento até então individual, e que cresce proporcionalmente até um ponto em que não só ele se destaca, como também é carregado de noções morais nacionais, e de um olhar evidentemente coletivo. Em O Insulto é possível compreender a dinâmica de um identidade nacional e coletiva bem realística, e que é incrivelmente bem delimitada, na medida em que não se deixa contaminar pelas predileções ou pelos valores do povo responsável pela produção, como acontece com frequência no ufanismo desvairado que é jogado abruptamente na cara de telespectadores nos filmes americanos.

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Personagens bem delimitados, bem desenvolvidos em suas situações pessoais e em suas psiquês, com uma elaboração humana que não os reduzia a uma condição maniqueísta comum, compõem parte do desenvolvimento bem elaborado do filme. Ainda que o estopim inicial tenha sido apresentado de modo um tanto quanto simplista, a imersão nas individualidades das personas existentes foi considerando efetivamente a percepção de mundo dos mesmos, o que promove solidez a narrativa.

A trama é bem vasta na medida em que transita em temas como intolerância religiosa, a tensão estabelecida nitidamente entre povos diferentes, e a condição da existência de uma atmosfera inquietante, fragilizada, e facilmente tendenciosa a existência de conflitos. A grosso modo, a contenda se apresenta como um momento de divergência entre um cristão libanês, Toni (Adel Karam), e um refugiado palestino, Yasser (Kamel El Basha), gerada por causa de um equívoco onde um deles foi molhado acidentalmente pelo outro. A partir da atitude simplória, o filme escala vertiginosamente até que seja inflado de um jeito muito eficaz, promovido através da utilização da figura midiática, na narrativa.

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Com uma fotografia clara que simplifica toda a construção imagética, e que se apresenta quase que crua diante das diferentes cenas, O Insulto é uma grande evidência de que é preciso ser mais permissivo com a abertura para o cinema oriental, e que grandes produções podem ser, e são criadas ao longo de todo o mundo. Sutil, na medida em que se apresenta com tamanha simplicidade, e contraditoriamente forte, ao decidir promover tal atmosfera instável, tal obra é digna de muitas premiações, e merece ser reconhecida dentro de sua construção.

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