O Farol | O Horror da culpa
O tempo que passei assistindo “O Farol” foi algo que irá me marcar pra sempre. Não somente pelas atuações monstruosas de seus protagonistas, não pela atmosfera incrível do longa ou pela direção impecável.
Acho que foi por um compilado destes elementos, construindo uma experiência de verdadeira troca entre espectador e criador.
Mas isso não é uma crítica – se fosse, a nota máxima séria dada sem ao menos pensar por mais que alguns segundos. O texto é sobre duas temáticas centrais da obra: horror e culpa.
A culpa e uma consciência pesada perseguem esses dois homens presos num espaço tão pequeno quanto um farol no meio do nada. O filme se desenrola muito mais dentro de suas mentes do que neste fim de mundo sombrio.
Mentes perturbadas, realmente: seja pelo horror da solidão ou pelo temor da culpa. A moral os ataca como as ondas que atingem o farol com intensas velocidades.
As visões e alucinações dos protagonistas são fruto direto de homens que sentem que falharam com a moral de um mundo que lhes ataca sem nem pensar duas vezes – tanto física quanto psicologicamente.
A luz do farol, neste viés, parece uma forma de redenção, que deve ser alcançada após muita batalha e muito sofrimento. Tudo por conta da culpa que vai os matando no decorrer dos minutos finais do longa.
A situação dos dois é maravilhosamente perturbadora e horrorosa, com diversas influências do mestre Hitchcock e dos contos de H. P. Lovecraft. Sereias, tentáculos e outros seres sombrios ameaçam a existência desses dois homens.
Até mesmo simples passáros se tornam inimigos monstruosos e verdadeiros obstáculos para a redenção de suas almas. Tudo é hostil neste farol: das paredes interiores até as ondas lá fora.
A culpa cristã é forte em “O Farol” e condena seus protagonistas a cada segundo, colocando o espectador quase que como um padre, que deve julgar homens pobres de espírito e corpo.
A troca entre público e criador é assustadora, pertuba quem assiste, mas deixa marcas que toda obra de arte deve deixar. “O Farol” é único e deve ser aproveitado por todos que querem sentir algo verdadeiramente humano.
Confira o trailer do filme: