Gosta de séries que se você piscar já não entende absolutamente nada do que está acontecendo? Ou você prefere séries sem qualquer compromisso, leves, bobinhas, só para esticar as costas no sofá? The Good Place serve para os dois casos.
A série conta uma história mirabolante e (em alguns momentos) completamente confusa sobre uma mulher que morreu, deveria ir para o inferno, só que despertou no céu – embora Michael, o personagem chave do lance, diga várias vezes que não é bem o céu, também não é o inferno.
Parece ridículo, e em alguns momentos realmente é, mas acredite, vai valer o tempo.
Se você ainda não viu nada da série, então acho que pouco do que eu disser fará muito sentido.
O que os roteiristas fizeram em The Good Place
O roteiro é sempre a primeira vítima da análise simples em qualquer produção. Duvido que você esteja com paciência para ler uma análise aprofundada de uma série tão bobinha, então vamos de roteiro mesmo.
The Good Place tem roteiro? Tem, mas ele não segue o padrão.
O que é o padrão? Para simplificar basta pensar em (praticamente) qualquer série.
Existe um grande problema principal, que precisará de toda a temporada para ser solucionado. Cada episódio lida com uma parte do problema, concentrando os esforços em resoluções pontuais. Paralelamente existem outros problemas secundários, que auxiliam na construção do mundo ou no desenvolvimento de outros personagens.
Isso é o rudimentar de qualquer série, a fórmula é esticada para lá e para cá, mas em essência funciona assim mesmo.
The Good Place acha tudo isso uma merda
Os roteiristas fizeram questão de incluir na série coisas que são consideradas criminosas por vários “manuais de roteiro” (manuais mesmo, guias de como criar um roteiro corretamente)
Por exemplo, a série não tem vergonha alguma de utilizar o recurso do acordar e descobrir que era um sonho.
Sabe? O personagem está passando por um problema, uma merda acontece, ele acorda e descobre que era tudo um sonho.
Ou ainda mais, a série gosta (e gosta bastante) de utilizar o recurso de reiniciar a linha do tempo. Como?
Pensa assim, os personagens estão tomando decisões e a narrativa está indo por um caminho beirando o completo absurdo, aí uma entidade poderosa estala os dedos e puff, tudo volta desde o começo.
É genial.
Para meu, que blá blá blá. Eu pesquisei sobre The Good Place para saber algo bacana…
Agora, se você veio atrás de explicações técnicas, informações sobre o elenco ou gostaria de adicionais, então sente-se aí. Vou dar só algumas (nosso tempo, lembra? O meu e o seu).
Criada por Michael Schur, nome forte nos estúdios. O cara trabalhou no The Office, no Saturday Night Live, mais uma porrada de produções e participações.
Quer aprender algo sobre roteiro? Construção de personagens ou sobre a corda bamba que é inserir múltiplos plottwist’s dentro de um mesmo episódio? Então acompanhe o trabalho dele.
Kirsten Bell também está na série. Se quiser conhecer mais sobre ela, veja o que ela fez em: WiFi Ralph e Big Mouth.
Na boa, não vou fazer uma lista de atores e de nomes, só para eu me sentir o senhor sabidão. É cansativo para ler e chato de escrever. Pega o IMDB e delicie-se.
> Veja também: Recomendação | Quando Margot encontra Margot
O que eu vou ganhar assistindo The Good Place?
Essa é a grande questão, entendeu? The Good Place precisa ser um projeto cabeça, com sacadas inteligentes e frases memoráveis?
Se você está atrás desse tipo de conteúdo então, talvez, The Good Place não entregue o desejado.
Agora, presta atenção!
Se você quer algo verdadeiramente divertido, inventivo, confuso. Que fique ali raspando perigosamente nos clichês, sem se deixar cair pela mesmice, essa série será o que você deseja.
A regra para um bom Netflix and chill é poder escolher uma série que seja engraçada, sem cenas nojentas, com diálogos leves e que você possa voltar uns episódios depois sem grandes problemas.
The Good Place cumpre bem a promessa.
E caso você seja uma pessoa entusiasmada com produção, cinema, roteiros, fotografia, tal e tal. Cansou de ver os filmes cult ou quer só deixar o cérebro de molho um pouco, então, bora lá.
The Good Place é como um pacote delicioso de bolachas (ou biscoitos). Você sabe que não tem nutrientes e não serve como uma refeição. Mas depois que você abre o pacote, magicamente, fica só com o farelo nas mãos.
Três temporadas estão disponíveis na Netflix e eu prometo que o tempo passará voando.
Fonte: Netflix