Crítica: Midsommar
Olá, pessoal. Hoje vamos falar sobre o último filme lançado pelo diretor Ari Aster, conhecido pelo terror Hereditário: Midsommar!
Midsommar e o terror folclórico
O terror folclórico é um gênero do terror que nem sempre é lembrado entre os expectadores regulares de cinema, sendo citado em maior quantidade apenas pelos fãs do gênero. No entanto, após A Bruxa, o terror folclórico passou a entrar em evidência novamente, e então, Midsommar chegou.
Mas o que é terror folclórico? Podemos definir o terror folclórico (em inglês Folk Horror), como o terror que é construído com base em mitos, lendas e costumes de um povo em específico. No caso de A Bruxa, lendas da Nova Inglaterra e no caso de Midsommar, mitos pagãos suecos.
O destaque cinematográfico de Midsommar
Midsommar retrata os acontecimentos que cercam um grupo de jovens americanos que estão indo visitar um inofensivo festival sazonal que acontece em um pequeno povoado rural na Suécia. Chegando lá, eles descobrem pouco a pouco que culturas diferentes às vezes não provocam um mero choque.
O título nacional de Midsommar é seguido de “o mal não espera a noite”. Isso se dá pela característica peculiar do filme, um terror que se passa praticamente inteiro de dia e bem iluminado pelo sol da meia noite sueco. É característico do gênero terror folclórico que a luz seja constante, sendo claro ou escuro.
O clima de Midsommar é o “fator de susto” desse filme, você não encontrará jumpscares em filmes do Ari Aster. Ao longo das quase duas horas e meia de filme, o que se observa são poucos closes e planos mais fechados.
Optando por planos abertos e cenário visível, o diretor aposta na contradição entre as cores e luz agradáveis aos olhos e a sensação de perigo iminente, travestido de gentileza, para causar o incômodo perturbador que atravessa inteiramente a película, do início ao fim.
Midsommar e o alívio do fim da solidão
Atenção, os próximos parágrafos contém spoiler.
É explicitando o destaque da atuação da talentosa Florence Pugh que vive a personagem Dani, que ressalto um ponto importante da produção: a solidão vivida pela personagem, que constrói um dos tons desesperadores do filme. Dani sofre desde o início do filme, e é de se imaginar que sofre há muito tempo, com uma solidão constante.
A morte dos seus pais e irmã, o namorado que a deseja abandonar há mais de um ano e não consegue, as amizades distantes (a única vez em que se observa Dani conversar com uma amiga, é por telefone), constroem uma personagem marcada pela dor de se sentir sozinha.
Ao longo dos dias no iluminado vilarejo ela vê a sua solidão a assombrar ainda mais, seja em pesadelos, seja em ações do seu companheiro, Dani chega à exaustão do seu sentimento de abandono em uma crise de ansiedade após presenciar um ritual de cópula que envolve seu companheiro, sob efeitos das ervas do povo local.
A partir dali, já coroada rainha de maio, Dani se liberta da sua solidão, acolhe sua nova família e, ainda que tudo que venha a seguir seja tão perturbador quanto tudo que já decorreu, ela sorri.
Veredito sobre Midsommar
Para esse velho escritor de críticas, fã de filmes de terror e em especial do terror folclórico, Midsommar é uma obra prima que merece ser lembrado por muito tempo, eternizado como um clássico moderno.
O diretor Ari Aster reafirma suas características de direção nesse filme (Assistindo Hereditário você perceberá claramente as semelhanças de direção) e vai se consagrando como um dos melhores diretores de terror do nosso século, ao lado de Robert Eggers.
Não vá embora agora, veja mais críticas como essa aqui no Demonstre, reservei essa especialmente para os fãs do gênero terror: Sob a sombra.