N em tudo é sobre pêssegos. Ok.. A cena é memorável sim, mas vamos dar um crédito decente ao conjunto desta bela obra. Obra de um simpaticíssimo ítalo diretor, Luca Guadagnino, e, de um senhor roteirista de igual simpatia, James Ivory. Originalmente escrito por Andre Aciman , Call Me By Your Name/Me Chame Pelo Seu Nome nos choca de forma lírica com dois temas de coragem: romance homoafetivo e o primeiro amor.
Esta adaptação carrega em seus cantos a beleza literal e a pureza sexual, percebidos na exaltação ao natural que Guadagnino explora muito bem. Assim como A Bigger Splash, e, Io Sono l’Amore, a Itália é: o visual, o local, o lírico, a excitação, e, a cultura.
Among love and sex o filme cria um imaginário e o fixa na nossa mente. Sem exageros de fantasia, o que acontece é a perpetuação do clima nostálgico entre Elio e Oliver. O ambiente dos personagens se repete e repete , á medida que acompanhamos a trilha sonora, por exemplo. Numa certa entrevista Aciman disse que nostalgia é a melhor palavra a descrever algo não estabelecido, porém eterno. Carregamos a história deles como esse eterno, reforçado pelas belas e cultas referências no filme, e pelas expressões .
Sobre expressões (fotografias)
Primeiras impressões são ótimas. A naturalidade delas, o mesmo. Sabe-se que desde a chegada de Oliver, passa-se 1 dia até Elio se impressionar. A sinceridade e a estrela de Davi, na mesa do café; a ida ao barzinho, que nem Elio conhecia !; a discordância intelectual com seu pai.. Elio não deixa de observar estes detalhes, até o fastidioso “later”. E ao que Elio corresponde à tais impressões, temos os trejeitos. Contando com isto, fiz algumas capturas do filme que dizem muito.
- Elio passa pelo primeiro embaraço quando o ombro é tocado. Olha só.
- Elio continua confuso quando no jantar Oliver não comparece, e solta a expressão de espanto ao ser removido o prato.
- A estadia do estudante já é habitual, e os dois convivem bem. Oliver inquieto na piscina, brinca com Elio.
- O exibicionismo de Elio no piano. Expressão: o começo de seu estado sagaz.
- Oliver se deixa cair na água, para surpresa de Elio. É um movimento enigmático, a revelar a timidez, e este, a esconder contentamento.
- Passa-se o dia, a dança, e Marzia.
Elio com tom de zombação , meio se gabando (para Oliver é claro ) sobre a noite anterior, comenta com o pai
Oliver:
Elio de maneira tão rápida, meio que não acredita na indiferença, também com tom de zombação de Oliver:
- No mesmo dia, Elio já não se confunde. Seus olhos estão a deleitar-se o pescoço de Oliver
- Better to speak or to die
Elio sente necessidade de falar com Oliver. O comentário sobre a história do cavaleiro frente á princesa, que se questiona se é melhor falar ou morrer, expressa isso. E a face de Oliver deduz, ressente, algo
- Os dois seguem para a cidade, à uma pequena praça ornada com uma memorável estátua. Falam sobre História. Elio, moço inteligente, pontua sobre.
Une barque sur L’Ocean (Maurice Ravel) toca ao fundo da cena. Elio diz saber nada. E, então, hesitante, irrompe : “se você soubesse o quão pouco eu sei sobre coisas que realmente importam…” Oliver, parado: ”por quê está me dizendo isto?” A melodia se intensifica, e enquanto contornam a estátua, Elio deixa se soltar, repetindo no ar : “porque eu queria que soubesse”.
“Porque não há ninguém a quem eu fale isso, senão você”.
- Depois da estátua… vê-se que Elio , por ser maduro em muitos pontos, após Oliver o repreender dizendo “nós não podemos falar sobre estas coisas” , reage da melhor forma montando na bike e seguindo a tour pela região e em tom amigável exclama “andiamo l’americano”. A partir deste momento, Elio é sagaz por demais em suas expressões. Quando na bicicleta, chegando a um pequeno riacho , Elio salta dela e com um “c’mon!” apresenta o lugar. “Este é o meu canto. É todo meu! Não tenho o número de quantos livros já li aqui.” Fica na cara que depois desse momento com tom de clichê (mostrar seu lugar favorito a alguém que goste), Elio está seguro e dizendo gostar de Oliver.
- Oliver some por umas horas.
Expressão: Elio fica a vagar
- Momento Futile Devices, de Sufjan Stevens . Expressão:Elio agachado, ainda a vagar.
- Em seu quarto, Elio tenta escrever.
Expressão: corporal; impaciente, se movimenta e escreve, ao que se percebe no ritmo de Germination – Ryuichi Sakamoto.
- A resposta de Oliver.
Expressão: Elio lê e cai na cama, pois está “débil de vontade 1”.
- Débil de vontade 2
- Muita coisa acontece.. E Elio está metade do filme débil de vontade
Enfim.. CMBYN é sobre expressões. E sobre Elio. E sobre o encanto que Timothée Chalamet causa.