Homem-Aranha 2 é um dos melhores filmes de super-heróis já feito
Considero “Homem-Aranha 2” (2004) um dos filmes definitivos de super-heróis. Antes da explosão dos estúdios Marvel e das produções gigantescas de heróis, este cinema ainda estava se firmando no mercado e “Homem-Aranha 2” é um dos grandes responsáveis pelo processo como um todo.
O filme é a representação máxima do verdadeiro heroísmo. Peter Parker só perde sendo o Homem-Aranha. Ele perde seu maior amor, Mary Jane, sua situação financeira é sempre precária, seu melhor amigo odeia sua persona heróica e até seus estudos vão mal.
Adaptando em partes a HQ “Homem-Aranha Nunca Mais“, na qual o jovem deixa o manto de lado, o filme mostra todo o peso de ser um herói e uma pessoa ao mesmo tempo. Sua Tia May sofre com o mundo ao seu redor e nenhuma ação do cabeça de teia pode ajudá-la.
O protagonista não se sente bem consigo mesmo sendo apenas Parker. Ele parece falhar com todos, menos com o símbolo que resolveu construir: A representação de um perfeito herói, ausente de qualquer falhas. Uma forma de esperança que é somente um rapaz inseguro de Nova York, por sinal, cheio destas falhas.
“Homem-Aranha 2” passa por tudo isto de maneira magistral, nos proporcionando uma das cenas mais lindas no cinema de super-heróis: a famigerada cena no trem. Breve resumo: O herói precisa parar um trem descontrolado cheio de pessoas indefesas. Clássico clichê.
Ele acaba conseguindo, após uma sensacional batalha com o Dr. Octopus e um enorme esforço para desacelerar o trem. Após tamanho esforço, o herói cai, já sem máscara.
O povo o ergue e carrega seu corpo pelo trem. Todos se chocam com sua idade – um deles chega a comentar que o rapaz tem a idade de seu filho. Peter acorda desesperado por estar sem seu disfarce. Mas eles não ligam pra quem ele é, mas, sim, para o que ele fez. A máscara é devolvida e todos dizem que está tudo bem: o segredo será mantido.
Não é sobre ser, é sobre representar. Não importa quem faz tudo que o teioso faz – importa o que a própria máscara representa para o povo salvo por aquele herói que sequer consegue salvar seus relacionamentos e as pessoas ao seu redor.
Além dessa cena, outras inúmeras pontuam a insegurança de Peter. Até o momento em que ele perde os poderes e deixa o traje de lado. Aí tudo se resolve para Parker, enquanto a cidade perde seu maior símbolo de esperança.
Claro que o Aranha retorna como ele deve retornar. O filme consegue representar o fardo do herói como nenhum antes, seja pelo sacrifício de Tony Stark em “Vingadores Ultimato” (2019) ou pela cristianização do Superman em “O Homem de Aço” (2013).
A trilogia de Sam Raimi pode ter diversos problemas, sendo “Homem-Aranha 3” um dos piores filmes de heróis já feito. Porém, o segundo filme é uma das melhores representações do fardo de ser algo maior que um indivíduo.
A fórmula dos três filmes é muito parecida e não traz grandes inovações depois de assistido o primeiro. Mas há algo neste segundo filme que não deve escapar dos olhos de um fã dos quadrinhos.
É o melhor filme do Homem-Aranha e deve ser visto e revisto sempre. Não é uma simples história sobre heróis, é um filme sobre ser humano e falhar. A falha é o verdadeiro motivo do heroísmo de Peter.
A humanidade presente nos quadrinhos do cabeça de teia são transformados na tela de uma forma maravilhosa. O herói como deve ser está lá, se esquivando por entre os prédios de NY.
Veja “Homem-Aranha 2” e sinta um verdadeiro relato de amor de um fã – o diretor Sam Raimi (“A Morte do Demônio“) – que realmente entende o personagem.
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