Guia Definitivo do Oscar 2017

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Após as campanhas de Oscar so White (Oscar tão branco) na edição do ano passado, a Academia resolveu tomar providências e algumas mudanças foram realizadas. Essas mudanças acabaram não afetando somente a premiação e seus indicados, mas também foi notável a mudança na própria indústria, que seja por oportunismo ou por realmente querer passar uma mensagem, dar voz aos desprivilegiados, acabou produzindo uma quantidade muito acima da média de filmes com protagonistas negros.

Na edição de 2017 do Oscar é evidente que todas as mudanças anunciadas surtiram efeito, seja por terem mais filmes bons com atores negros ou apenas para aparência, satisfazendo o público que reclamou anteriormente.

Cores à parte, vamos avaliar os filmes como filmes. Deixem as cores para avaliar a fotografia, fora isso, a cor pouco importa para avaliarmos um filme, ou pelo menos não deveria.

História

O Oscar começou com suas premiações no final da década de 20, começo da década de 30, anos de ouro do cinema. O cinema já não engatinhava mais, as superproduções começavam e alguns filmes em technicolor também seriam lançados. E todo esse glamour era repassado para o prêmio da academia. Anos se passaram, e acabamos chegando, no então, século XXI. E o que mudou desde a primeira edição até sua 89ª edição?

Atores negros conseguiram muito mais espaço e muito mais papéis além dos de empregados como costumava acontecer. Além disso, filmes independentes ganharam mais e mais força desbancando grandes produções e nas edições mais recentes acabaram se tornando maioria nas indicações. E esses dois pontos ficaram evidentes no Oscar 2017. Mas chega de história e vamos ao que interessa, uma análise nada detalhada dos prováveis vencedores, quem ficou de fora e quem deveria ganhar. Bora lá!

Melhor Filme

É quase certo que Moonlight ou La La Land leve o maior prêmio da noite por tudo que ele representa nessa temporada de mudanças do Oscar. Um filme que fala de maneira crua e natural de um menino que passou por todas as dificuldades possíveis e mesmo assim tão real e sinestésico. Todavia, minha preferência pessoal vai para Manchester à Beira-Mar, um filme que conseguiu falar muito mais comigo e me conectar.

Quem deve levar:  Moonlight: Sob a Luz do Luar

Quem deveria levar: Manchester à Beira-Mar

Melhor Diretor

Quem deve levar: Damien Chazelle (La La Land: Cantando Estações) – conseguiu juntar todas as ideias e talentos em um filme e tornar tudo real.

Melhor Atriz

Hollywood se encantou por La La Land e uma das grandes culpadas é Emma Stone e seu carisma e atuação emocionante, alegre, viva. Porém, nesse ano tivemos atuações que, ao meu ver, requereram uma performance melhor: Isabelle Huppert, interpretando uma mulher independente, vivida e que passa por um acontecimento que marcaria a vida de qualquer um, mas que com essa personagem acabou gerando uma sensação quanto que confusa; e Natalie Portman, interpretando a mulher do ex-presidente Kennedy, uma personagem e mulher complexa e absurdamente profunda para ser interpretada por reles mortais.

Quem deve levar: Emma Stone (La La Land: Cantando Estações)

Ficou de fora: Kate Beckinsale (Amor & Amizade), Amy Adams (A Chegada) e Rebecca Hall (Christine)

Quem deveria levar: Rebecca Hall (Christine)

Melhor Ator

Para mim, nessa última temporada tivemos duas grandes atuações: Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar) e Colin Farrell (The Lobster). Se pudéssemos comparar com outras atuações, diria que Casey Affleck acabou encontrando o tipo de personagem perfeito para sua atuação assim como Jake Gyllenhaal em O Abutre, personagens mais retraídos. Já Colin Farrell, fez uma atuação única nessa vida, algo como Heath Ledger em Cavaleiro das Trevas, com trejeitos, passando emoção de um jeito totalmente fora do comum, por ser um personagem com uma mentalidade completamente diferente do normal.

Quem deve levar: Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar)

Ficou de fora: Colin Farrell (The Lobster)

Quem deveria levar: Colin Farrell (The Lobster)

Melhor Ator Coadjuvante

Quem deve levar: Mahershala Ali (Moonlight: Sob a Luz do Luar)

Ficou de fora: John Goodman (Rua Cloverfield 10) e Aaron Johnson (Animais Noturnos)

Quem deveria levar: John Goodman (Rua Cloverfield 10)

Melhor Atriz Coadjuvante

Duas atrizes se sobressaíram frente as outras, Viola Davis e Michelle Williams. Pelo tempo de tela ser tão curto, embora tão impactante, Michelle Williams deve acabar não levando, mas está merecendo faz um bom tempo.

Quem deve levar: Viola Davis (Um Limite Entre Nós)

Melhor Roteiro Original

 Uma das categorias mais difíceis de se prever esse ano. No Globo de Ouro, La La Land acabou levando, mas embora ache um filme muito bem produzido, tecnicamente espetacular, seu roteiro não é o que fez desse filme o mais novo queridinho de Hollywood.

Quem deve levar: Damien Chazelle – La La Land: Cantando Estações ou, bem melhor, Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)

Quem deveria levar: Yorgos Lanthimos e Efthimis Filippou (The Lobster) – por cumprir a proposta de ser original e não ter medo de ousar em um filme que te faz pensar, rir e chorar na mesma cena.

Melhor Roteiro Adaptado

Quem deve levar: Barry Jenkins e Tarell Alvin McCraney (Moonlight: Sob a Luz do Luar)

Quem deveria levar: Eric Heisserer (A Chegada)

Melhor  Animação

Zootopia é uma metáfora em forma de animação. Conseguiu debater tantos temas tristes do mundo dos adultos sem perder a inocência de um filme infantil.

Quem deve levar: Zootopia: Essa Cidade é o Bicho

Melhor Documentário em Curta-Metragem

Sinceridade 1: Só assisti Os Capacetes Brancos por estar na Netflix. Os outros faço a menor ideia de como achar para assistir.

Quem deve levar: Não sei opinar. Vamos chutar Os Capacetes Brancos, vai que a gente acerta.

Melhor Documentário em Longa-Metragem

Sinceridade 2: Só consegui assistir 13ª Emenda e Fogo no Mar, por isso a avaliação foi feita com base em outras premiações.

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1 De 186

Quem deve levar: O.J.: Made in America

Melhor Longa Estrangeiro

O que falar desses gringos que sabem fazer filme melhor que muitos americanos. Todos merecem ser assistidos.

Quem deve levar: Toni Erdmann (Alemanha) ou O Apartamento (Irã) – qualquer um que ganhar está de bom tamanho. Minha torcida vai para o filme alemão.

Ficou de fora: Aquarius (Brasil) e A Criada (Coreia do Sul)

Melhor Curta-Metragem

Sinceridade 3: Não sei opinar. Não consegui achar nenhum para assistir e todo ano é mesma coisa, infelizmente.

Melhor Curta em Animação

Quem deve levar: Piper

Quem deveria levar: Borrowed Time – uma história emocionante obrigatória para todos assistirem. Um curta que resolveram fazer em animação.

Melhor Canção Original

Não preciso falar nada, próximo.

Quem deve levar: “City of Stars” | Música de Justin Hurwitz, canção de Benj Pasek e Justin Paul (La La Land: Cantando Estações) – traduz todo o filme e mesmo Hollywood, de jovens em busca do sonho de se tornarem estrelas.

Melhor Fotografia

Fotografia, a 8ª arte. Um dos aspectos fundamentais dos filmes, principalmente de filmes independentes, que, muitas vezes, preferem passar uma ideia, uma emoção apenas com imagens. E esse ano tivemos diversos exemplos da fotografia como forma de passar uma mensagem. Seja com La La Land tentando dar ideia de um sonho, sempre muito colorido e irreal, seja com Moonlight com uma fotografia crua, cores frias, trazendo essa melancolia, ou até mesmo com o cinza característico d’A Chegada dando ideia de medo e desconhecido.

Quem deve levar: Linus Sandgren (La La Land: Cantando Estações)

Melhor Figurino

Não é muito o meu forte avaliar essa categoria ou a próxima. Em figurino, geralmente filmes de época ou com figurinos muito diferentes do usual costumam levar o douradinho. Seguindo essa lógica, acredito que o novo filme do Harry Potter leve esse prêmio. Todavia, senti falta do figurino de ‘Amor & Amizade’. Uma pena que esse filme tenha sido totalmente esquecido pelos grandes prêmios.

Quem deve levar: Colleen Atwood (Animais Fantásticos e Onde Habitam)

Ficou de fora: Eimer Ni Mhaoldomhnaigh (Amor & Amizade)

Quem deveria levar: Eimer Ni Mhaoldomhnaigh (Amor & Amizade)

Melhor Maquiagem e Cabelo

Quem deve levar: Joel Harlow e Richard Alonzo (Star Trek: Sem Fronteiras)

Melhor Mixagem de Som

Nas categorias de som, temos dois grandes concorrentes: um musical e um filme de guerra. É claro que um dos dois deve levar o prêmio. Agora, quem? Je ne sais pas. Os dois são grandes merecedores, mas minha torcida vai para ‘Até o Último Homem’ nessas duas categorias.

Quem deve levar: Andy Nelson, Ai-Ling Lee e Steve A. Morrow – La La Land: Cantando Estações ou Kevin O’Connell, Andy Wright, Robert Mckenzie e Peter Grace (Até o Último Homem)

Melhor Edição de Som

Quem deve levar: Ai-Ling Lee e Mildred Iatrou Morgan (La La Land: Cantando Estações) ou Robert Mackenzie e Andy Wright (Até o Último Homem)

Melhores Efeitos Visuais

No momento em que assisti Mogli, antes da metade do ano, já falava em Oscar para esse filme. O que fizeram com ele é algo de bater palmas, trazer uma animação para o live action com apenas um garotinho e o resto todo em CGI e me fazer sentir ali naquela floresta… Parabéns! O extraordinário é demais!

Quem deve levar: Robert Legato, Adam Valdez, Andrew R. Jones e Dan Lemmon (Mogli: O Menino Lobo)

Melhor Design de Produção

Todo bom musical requer uma excelente produção artística e é justamente isso que La La Land traz.

P.S.: ‘Ave, César!’ também merece uma menção honrosa

Quem deve levar: David Wasco (design de produção) e Sandy Reynolds-Wasco (decoração de set) (La La Land: Cantando Estações)

Melhor Edição

Edição, a arte de dar ritmo ao filme. 2016 foi um ano em que tivemos excelentes exemplos de boas edições, como em A Chegada, onde a edição era fundamental, tinha uma total conexão com a história no que tange a ideia da história cíclica e por isso deveria receber o homenzinho nu coberto em purpurina desse ano.

Quem deve levar: Joe Walker (A Chegada)

Quem deveria levar: Joe Walker (A Chegada)

Melhor Trilha Sonora

Preciso falar alguma coisa?

Quem deve levar: Justin Hurwitz (La La Land: Cantando Estações)

Ficou de fora: Jóhann Jóhannsson, Max Richter (A Chegada) – A excelente trilha transcendental de A Chegada acabou ficando de fora infelizmente. Vale a pena pegar esse filme pra assistir em casa com um bom home theater, porque é o que essa trilha merece, junto, é claro com a edição de som, trazendo sons de outro mundo.

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