Filmes para conhecer | Nise – O Coração da Loucura
Nise da Silveira foi uma psiquiatra que através de metódos humanitários conseguiu resgatar um pouco da dignidade de alguns pacientes (clientes como ela preferia chamar) em um hospital do Rio de Janeiro na década de 50.
Este é o ponto de partida do longa metragem interpretado por Glória Pires e com a direção de Roberto Berliner, Nise – O coração da loucura.
O grande acerto no roteiro é não fazer uma biografia da Dra. Nise. Ele foca num momento da vida no qual ela voltava de alguns anos de afastamento para enfrentar todos os doutores do hospital e seus métodos violentos. Acerta em focar na força que ela teve de encarar e peitar o machismo da época (e que infelizmente ainda existe) e jamais abaixar a cabeça enquanto estava dentro do hospital. Se tivesse que desabar, o fazia em casa. A interpretação da Glória Pires é excelente! O elenco de apoio também está muito bem, afinal interpretar pessoas com problemas mentais não é tarefa fácil, ou você acerta ou vira piada.
Um ponto de evolução no cinema nacional é quanto a cinematografia. Este filme tem pouquíssimos cenários (hospital, casa da Dra Nise, um parque arborizado) e ainda assim não fica monótono, ponto para a direção de fotografia que explora todos os cantos desses poucos cenários em múltiplos ângulos.
Talvez um erro ou recurso preguiçoso na narrativa fica por conta do personagem Lima, enfermeiro que demonstra resistência com a chegada de Nise e seus comandos, que no início parecia um vilão incorrigível e no meio do filme se transforma sem muita explicação. Nada que estrague o desenvolvimento.
Este pode ser considerado um filme atemporal por dois motivos: não evoluímos em nada quando falamos de tratamentos psiquiátricos, principalmente no trato humano, o preconceito é declarado. E o machismo continua imperando.
Portanto peguem o exemplo de Nise da Silveira, e você mulher, independente da profissão que exerça ou do cargo que ocupe, jamais abaixe a cabeça ou submeta-se a humilhações. Lute e acredite em você.
Mais uma vez o cinema entrega mais do que um filme, entrega um ótimo material de conscientização.
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