Escrito e dirigido pelos irmãos Coen, The Ballad of Buster Scruggs (A Balada de Buster Scruggs) foi lançado em 2018 e está na lista dos bons filmes que fazem parte do cardápio da Netflix.
O filme conta 6 histórias diferentes, cada uma com um foco narrativo novo e técnicas de direção e desenvolvimento completamente diversas entre si. A única coisa que amarrada os 6 “contos” é o fato de cada um deles ser representante de uma característica dos filmes de Velho Oeste.
Portanto, vou fazer como muitos críticos fizeram e dividir a minha opinião entre as seis histórias. Tentando demonstrar como cada uma delas pode ser apreciada de um modo diferente.
The Ballad Of Buster Scruggs
A primeira história é também a responsável pelo título do filme. Ela fala sobre o cowboy Buster Scruggs, um fora-da-lei que cruza os desertos do Velho Oeste acompanhado de um violão e do seu cavalo Dan.
Essa relação l será reprisada em pelo menos mais duas histórias. Trata-se de um recurso muito utilizado no gênero e, quando bem aplicado, cria dualidades interessantes entre homem e animal.
A beleza desse primeiro conto está na ironia do personagem. Ele é pequeno, de aspecto sensível, inteligente, afastado daquela imagem chucra do cowboy que cospe enormes bolotas de catarro em latas. Essa aparência é contraposta por ações violentas e diálogos afiados – com a câmera ou com outros personagens. Um dos melhores segmentos do filme.
Near Algodones
Esse segmento tem a célebre imagem do James Franco que acabou se tornando um meme. Conta a história de um assaltante de bancos. É um conto que lida sobretudo com a ironia, ao mesmo tempo que brinca com a sensibilidade da vida.
Meal Ticket
Esse é o segmento da emoção. Conta a história dos artistas itinerantes que tentavam deslumbrar os povoados. Muito focado em expressões, é um trecho quase minimalista. Aqui é preciso prestar atenção aos detalhes, principalmente no comportamento dos personagens entre si.
É um dos segmentos mais dramáticos.
All Gold Canyon
O segmento de um homem só. Tom Waits transforma esses 20, 25 minutos de história em algo incrível. É um dos contos que exige mais paciência do público, mas também é um dos mais deliciosos no final.
The Gal Who Got Rattled
Esse é um segmento completo, digamos assim. Ele abrange desde cenas de ação muito bem dirigidas, até diálogos intensos, construções de personagem, fotografia. É o segmento para conhecer o trabalho dos irmãos Coen. Ácido, cínico, violento, excelente.
The Mortal Remains
A verdade é que esse segmento é muito mais uma aula de narrativa, do que uma história completa em si (ou de Storytelling ,para usar um termo que ficou famoso no Brasil).
Os personagens trocam “confissões”, ao mesmo tempo que criticam ou validam as histórias uns dos outros. Ao final, um deles chega ao ponto de dar uma aula sobre a importância das histórias e sobre a razão que faz o público jamais ficar cansado delas.
É como se os irmãos Coen estivessem dizendo “olha só o que acontece quando nós mostramos o que tem por baixo da criação dos filmes”.
E, nas palavras de um personagem: a carruagem nunca pode parar. Essa é a única regra, ela não vai parar, nunca.
Para quem assistir e compreender, fará sentido.
The Ballad of Buster Scruggs não pode ser avaliado ou criticado como uma história em si. Seus 6 contos distintos têm forças e valores diferentes. A minha nota foi para o geral da obra, mas caberá ao público descobrir qual foi a sequência que mais lhe agradou.
São 6 faces de uma mesma forma, 6 maneiras de representar. O que mostra a imensidão do cinema e da arte de contar histórias, provando que há espaço para os Parques de Diversão e para as Narrativas Profundas e “Enobrecedoras.”
Avisos finais
Esse redator também é escritor. Se estiver com vontade de pegar uma leitura leve, rápida, com cenas marcantes e muitos assassinatos, conheça dois dos meus livros. Um Link está aqui, o outro aqui. Você também pode me seguir no Instagram, estou sempre postando contos de terror/suspense.
Abaixo o trailer
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