Crítica: Suspiria (2018)
Quem pesquisou sobre o gênero Giallo através do nosso texto já ouviu falar do primeiro Suspiria, dos anos 70. Hoje vamos falar sobre o Remake de 2018 do clássico Giallo de bruxas.
Quem dirigiu Suspiria?
Luca Guadagnino, diretor do memorável Me chame pelo seu nome, que em 2018 sagrou-se vencedor do Oscar na categoria melhor roteiro adaptado, foi da água para o vinho quando saiu do drama para o terror no seu reboot do Suspiria, lançado originalmente há 42 anos.
O Suspiria original
Suspiria (1977) de Dario Argento, diretor responsável por uma popularização maior do cinema Giallo, possuía características memoráveis que faziam parte de forma quase canônica subgênero, a direção de arte sempre grandiosa, a fotografia contrastada e com um bom uso de cores que beiram o irreal e imprimem um ar de fantástico à esses filmes derivados do chamado “spaghetti nightmare”.
Suspiria (2018) de Guadagnino reproduz isso muito bem em nosso século/década em um filme que se não é Giallo, é muito bem referenciado pelo seu original que já é uma escola e tanto.
O filme Suspiria
Suspiria (2018) é ambientado em Berlim, num período de furor político, onde um psicoterapeuta em um período de luto intenso recebe denúncias de uma de suas pacientes sobre um sombrio culto de bruxas que dirige uma renomada escola de dança, no meio disso uma nova aluna com um aparente talento excepcional é admitida na escola e aos poucos vivencia a realidade daquele lugar.
Um dos maiores pontos positivos do reboot do clássico giallo, na minha opinião, é a maneira como o diretor coloca a dança contemporânea como um elemento magístico.
Se no original esse elemento não foi tão bem explorado, de maneira visual, o novo propõe a desde o início explicitar a importância da dança dentro daquele, se assim podemos chamar, covil de bruxas, sendo parte fundamental dos ritos e compondo duas das sequências mais marcantes do longa: a primeira demonstração de bruxaria e o rito final de consagração da nova Mãe, os quais nos leva diretamente a um novo comentário.
A película é longa, em cerca de 2 horas e meia Guadagnino propôs entrelaçar histórias paralelas com muitos personagens periféricos que, no meu julgamento, torna o filme desnecessariamente cansativo à primeira vista e até confuso para quem não está acostumado com esse tipo de filme e não conhece tão bem o universo dele.
No entanto, em pontos chave (dentre eles eu posso citar, além dos dois mencionados no parágrafo anterior, um encontro do psicoterapeuta com sua esposa morta) o diretor laça o espectador que certamente ficará com os olhos grudados e boquiaberto com a direção de um terror puro, sem jumpscares, sem exagerados caprichos de algo que visa ser comercial e arrebatar um público que pende para esse tipo de filme, puro como um terror sensorial, de imaginação.
Destaque da atuação e veredito sobre Suspiria
Destaque para a atuação da Tilda Swinton, a qual interpretou um papel triplo, vivendo a professora de dança Madame Blanc, o psicoterapeuta Dr. Josef e a bruxa Helena Markos, transparecendo no primeiro uma frieza que desabrocha em uma paixão indevida e no segundo um amor que nunca será superado, de forma tocante.
Dividindo opiniões por onde passa, Suspiria (2018) é mais um dos integrantes do que gosto de chamar de “década das bruxas do séc XXI”, compondo um trio de filmes que abordam o tema bruxaria e magia negra com A Bruxa (2015) e Hereditário (2018). Bom, ainda temos mais um ano inteiro pela frente para saber se teremos mais bruxaria por esta década.