Crítica | Shippados – A odisseia dos relacionamentos modernos

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Shippados (2019), é uma série nacional distribuída pela Globoplay. Nela, os jovens adultos Rita (Tata Werneck) e Enzo (Eduardo Sterblitch) se conhecem em um bar, após saírem de encontros que não deram certo. Os dois decidem ficar juntos, e tentam descobrir os mistérios da vida adulta.

O texto de Alexandre Machado e Fernanda Young, é leve, gostoso de assistir e apela para as bizarrices das sitcoms! As situações são esquisitas, mas são tratadas de forma tão natural pelo texto que não causam desconforto e nem atrapalham a verossimilhança.

Um bom exemplo, é a relação de Valdir (Luis Lobianco) e Brita (Clarice Falcão), o casal que divide apartamento com o Enzo. Eles são nudistas e passam boa parte da série sem roupa, gerando um ótimo plot escapista para os problemas do casal principal – e quando a temática nu cansa, eles viram o jogo e as roupas passam a ser o foco das piadas.

Enquanto Valdir e Brita são o núcleo “doido”, Suzete (Júlia Rabello) e Hélio (Rafael Queiroga) fazem piadas com o casal normal e cotidiano. Tudo na relação dos dois é padrão e é essa a graça. A química do casal com a estranheza dos nudistas é fenomenal de assistir.

Rita e Enzo são o melhor ponto do programa; a relação dos dois é muito bem construída, mostrando o que leva um casal se apaixonar pelo outro – e brincando com isso, em um dos episódios.

Nem tudo são flores…

Um problema a ser pontuado, dentro do roteiro, é como ele trabalha as crises no relacionamento dos protagonistas. Até um certo momento, as coisas fazem sentido e funcionam, até que a série precisa de uma briga séria e não só uma discussão trivial.

Eles tratam isso com certo descaso, abusando de justificativas como “ciúme” ou “TPM”, abrindo a brecha para interpretações de relacionamentos abusivos; mesmo que você, telespectador, saiba que aquilo não é coerente com o que já foi apresentado.

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Isso nos tira um pouco da trama, mas dura poucos episódios e todos os coadjuvantes deixam as coisas suportáveis.

Enquanto o programa sofre por tratar de forma pobre essas crises, acerta ao falar de mães narcisistas. A mãe da Rita, Dolores Tenório (Yara Novaes), fez uma vilã digna das melhores novelas! Falsa, manipuladora e com traços de psicopatia, ela manipula todo mundo ao seu redor.

É bom enfatizar, que mesmo com tudo isso acontecendo ao redor, o programa ainda é leve e perfeito para ver no fim de semana!

A trilha sonora está impecável, e conta com as músicas de Vanguart e Rubel. A fotografia abusa do urbanismo do Rio de Janeiro, sem deixar de lado o clima boêmio do subúrbio – e todos esses elementos são muito bem utilizados.

A direção é primorosa, e unida com a fotografia e a trilha sonora, criam uma experiência maravilhosa ao assistir.

Shippados não é uma série perfeita, longe disso; mas é boa, engraçada, divertida, aborda temas importantes e o melhor, te mostra que todo mundo tá confuso com isso de “ser adulto”.

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