Crítica | Praça Paris

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O filme estreia nesta quinta-feira, 26 de abril, em circuito nacional. (? Divulgação)

O filme nacional acompanha a história de Camila (Joana de Verona) e Glória (Grace Passô). Glória é uma mulher negra, de baixa renda e que mora em uma comunidade carente do Rio de Janeiro, ela já passou por situações bem traumáticas e seu irmão é um chefe do tráfico que, ao longo do filme está sempre encarcerado. Camila, por outro lado, é uma jovem imigrante portuguesa que está cursando sua pós-graduação em psicologia na UERJ. A vida dessas duas mulheres se encontram quando Glória começa sessões de terapia gratuitas oferecidas por Camila, através da Universidade.

Praça Paris explora muito bem a relação de empatia entre psicólogo e paciente. No início, apresenta um Camila apática em relação a tudo. Porém, conforme Glória vai se revelando para a psicóloga, a situação sai do controle e se torna antiprofissional, com uma adentrando progressivamente na vida da outra.

O longa-metragem é o novo filme da diretora Lúcia Murat. A parte técnica de fotografia e design de som apresentam certa criatividade, como ângulos de câmera interessantes e uso do som diferenciado. Entretanto, a repetição desses mesmos artifícios repetidamente acaba desvalorizando a produção. O roteiro é lento e a direção demora para tomar fôlego. O filme passa muito tempo apresentando as personagens e suas histórias de vida e só engaja o espectador nos seus momentos finais.

A questão da violência é bem explorada em Praça Paris que faz um panorama do Rio de Janeiro na época do tráfico e os dias de hoje. As atrizes também são boas, mas assim como a narrativa, demoram para cativar a plateia e só são bem exploradas da metade para o final do filme. Ambas variam entre boa atuação e cara de paisagem, sem demonstrar emoção alguma.

Por fim, Praça Paris é um filme sobre empatia e opressão. A psicóloga sente tanto pela Glória que chega a um ponto em que ela passa de se importar, para simplesmente julgar as ações e pensamentos da paciente. E, Glória por sua vez é uma personagem oprimida pelos homens da família, mas que não se assenta com o papel de vítima e traz boas surpresas. O final do filme é de certa forma um final em aberto, porém que certamente acrescenta bastante a trama em geral.

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