Crítica | Paulo, Apóstolo de Cristo

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Novo lançamento da Sony Pictures, “Paulo, Apóstolo de Cristo” se baseia na história do apóstolo que ao longo de sua trajetória passou de perseguidor a perseguido. (? Sony Pictures / Divulgação) 

O cristianismo sempre inspirou a indústria do cinema. As mais diversas figuras bíblicas já tiveram suas histórias contadas, seja em abordagens tradicionais ou até mesmo em algumas não convencionais (caso de Noé de Darren Aronofsky).

Desta vez, o foco cai sobre a história de Paulo, um dos apóstolos de Jesus Cristo, no novo filme da Sony Pictures que estreia nesta quinta-feira, dia 03 de maio, em circuito nacional.

Com direção do quase desconhecido do grande público Andrew Hyatt (Cheia de Graça), o longa-metragem tem em seu elenco principal os atores Jim Caviezel (A Paixão de Cristo), e James Faulkner (Atômica).

O filme se passa durante o reinado de terror do imperador romano Nero. No auge de sua loucura, Nero promove sangrentas batalhas em arenas, ateia fogo em metade da cidade, e persegue ferozmente os seguidores de Cristo, dentre os quais está Paulo (Faulkner), líder de sua comunidade, e feito prisioneiro, acusado de conspiração e traição.

Fugindo dos soldados romanos e escondidos no meio da cidade, os cristãos mandam ao encontro de Paulo seu companheiro, o também apóstolo Lucas (Caviezel), enquanto precisam decidir entre ficar em Roma ou partir. Divididos e confusos, eles precisam de respostas, e esperam encontrá-las junto à Paulo, através de Lucas.

Com a ajuda de um facilitador infiltrado na guarda romana, Lucas consegue acesso à Paulo no cárcere, e entre conversas e impressões, Lucas começa a documentar as “memórias” de Paulo, que dentre outras coisas, explicam como ele passou de carrasco, que caçava e punia os seguidores de Cristo, a pregador e entusiasta do mesmo Cristo, após um fato atribuído por Paulo como um milagre, em meio ao deserto. Tais impressões e memórias fariam parte mais tarde do livro Atos dos Apóstolos, um dos mais importantes da Bíblia Sagrada.

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As memórias de Paulo são descritas através de flashbacks, que esclarecem de forma didática a transformação do apóstolo. Também é de grande valia a dramaticidade imposta na interpretação de James Faulkner, como Paulo. O ator impõe pesar e sofrimento através de suas expressões, o que resulta em uma competente composição do personagem. Enquanto isso, Jim Caviezel  apresenta uma atuação consistente e linear, e em alguns momentos fica impossível não lembrar de seu papel em “A Paixão de Cristo”, onde interpretou o próprio Jesus, no polêmico e comentado filme dirigido por Mel Gibson em 2004.

Correndo em paralelo, há o drama vivido pelo prefeito romano “Maurício” (Olivier Martinez), que vê sua filha definhar devido a uma doença misteriosa, que não dá trégua mesmo com todos os sacrifícios realizados por ele e sua esposa aos deuses antigos. 

O desenvolvimento de Paulo, Apóstolo de Cristo se alterna entre diálogos explicativos e belas cenas contemplativas, evidenciadas através do slow motion, aliado a closes de câmera e trilha sonora marcante, que dá a intensidade necessária ao tom do filme.

Mesmo com alguns pontos positivos, a direção de Hyatt não convence muito, e com uma qualidade técnica esforçada, somada a um roteiro simples e uma direção inconstante, o que sobra de tudo isso é uma acalentadora mensagem de resiliência e altruísmo, que parece querer se esquivar do clichê, mesmo que seja utilizando a velha metáfora do triunfo do bem sobre o mal.

Evidenciando a questão da perseguição religiosa, o longa tenta impor contemporaneidade, e despertar reflexão ao delicado assunto, através de uma mensagem no final da exibição.

Num apanhado geral, Paulo, Apóstolo de Cristo vale como mensagem positiva que faz pensar, mas tecnicamente não apresenta elementos que possam fazer com que seja considerado algo fora do comum.

Assista ao trailer:

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