Não dá mais para contar nos dedos quantas tramas cinematográficas colocaram na tela histórias de amor. E esse é um tema que sempre acompanhará a indústria da sétima arte. No filme O último amor de Casanova, do diretor Benoît Jacquot, observamos como o “amor” (sim, entre aspas!) nasce de um repentino desejo, e como ele se torna uma obsessão sofrível e, infelizmente, cansativa. Uma história que a princípio consegue despertar nossa atenção, mas que se perde ao longo de 1 hora e meia de filme.
Sinopse O último amor de Casanova:
Casanova, conhecido pelo seu gosto do prazer e do jogo, chega a Londres, após ter sido forçado a exilar-se. Nesta cidade, ele encontra diversas vezes uma jovem cortesã, Marianne de Charpillon, que o atrai de tal forma que o faz esquecer as mulheres com quem se envolveu até então. Casanova está disposto a qualquer coisa para atingir os seus fins, mas a Charpillon esquiva-se sempre sob os mais diversos pretextos.
O filme inicia sua trama ocultado o protagonista, sem mostrar seu rosto. Trancado dentro de uma biblioteca, ele recebe a visita de uma jovem que o motiva a falar de um “amor” do passado; uma paixão que o marcou por décadas. Mediante isso, a trama regressa 30 anos, para contar como Casanova se envolveu nesse romance estranho e enfadonho.
O filme peca, primeiramente, em jamais aprofundar seus personagens. Nenhum deles consegue nos despertar interesse, e desfilam pelo longa-metragem sem conquistar relevância no enredo. De certo, existem poucas cenas que lutam em roubar a nossa curiosidade para compreender os motivos de algumas figuras da trama, mas tudo é nublado por um plot que nunca chega ao seu clímax.
Benoît Jacquot, responsável pela direção, não consegue conduzir a trama para uma construção que parece estrutural. O filme, em determinados momentos, parece um amontado de cenas seguidas, sem nenhuma conexão. O diretor até tenta captar nosso olhar para algumas subtramas, mas nada funciona.
O roteiro apresenta logo nos primeiros minutos muitas cenas contemplativas. E ao mesmo tempo, surge um diálogo que carece de força, quase como um mau presságio do que viria no decorrer da projeção.
O grande erro do filme é a história monótona, que não evolui em nenhum momento, ficando presa em um ciclo de acontecimentos que se repetem de forma cansativa. Em momento algum os personagens evoluem, ou passam por transformações. Há diálogos que em raros momentos aparentam direcionar a trama para algum lugar interessante, mas esse ‘lugar’ nunca chega.
Um roteiro que desliza em sua missão de despertar algo no público. Tudo se arrasta de forma entediante.
Inserindo o protagonista numa Londres desconhecida, que lhe causa estranheza à primeira vista, o personagem Casanova (interpretado pelo ator e cineasta Vincent Lindon) fica incrédulo ao observar hábitos nada convencionais dos cidadãos londrinos. Isso é exposto em um diálogo cômico que não perdura, e logo se perde dentro do roteiro que flerta com a procrastinação. O ator entrega uma satisfatória performance, sabendo expressar bem os sentimentos, muitas vezes desenhando isso com sua atuação corporal, mas a trajetória de seu personagem o torna desinteressante. Outro fator que enfraquece o trabalho de Lindon é a montagem, que muitas vezes corta as cenas do ator repentinamente, sem permitir que o mesmo alcance o que poderia ser excelentes momentos com o protagonista.
A atriz Stacy Martin (que atuou no filme Ninfomaníaca) dá vida a mulher que desperta uma grande obsessão no protagonista, interpretando Marianne de Charpillon. Com um olhar sedutor, ela consegue despertar, sem dizer uma só palavra, o desejo de Casanova. A atriz entende muito bem as nuances de sua personagem, basta observar sua entonação de voz combinada com seu olhar enigmático, mas isso não salva sua participação; uma personagem sem começo, sem desenvolvimento e sem conclusão, que passa o filme todo presa na superficialidade.
O filme ganha pontos positivos, quando olhamos para os aspectos técnicos. O figurino está impecável, ambientando coerentemente os personagens naquele cenário londrino. A trilha sonora não deixa a desejar, sendo pontual, mas nunca passando do regular. A fotografia aposta muito nos planos abertos, sempre enquadrando todos os elementos, sem poluir a cena.
O último amor de Casanova é um longa que luta muito para alcançar o nível regular, mas que se perde e se sufoca em um enredo parado e sem atração. Em suma, o bom trabalho da equipe técnica não consegue salvar o filme. Tudo é diminuído por uma história que não anda! Um roteiro mal elaborado, que atrapalha a função das demais partes.
Um trama esquecível, com atuações aceitáveis, mas que infelizmente não são capazes de salvar uma narrativa fraca.
O filme estreia dia 26 de dezembro no Brasil, distribuído pela California Filmes.
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