Transportados para o Velho Continente, somos apresentados à uma história que se passa na França. Dirigido e roteirizado por Anne Giafferi e estrelado por Mathilde Seigner, “Minha Irmã de Paris” é uma amostra de um cinema diferente do qual somos acostumados e traz às telas uma aposta em uma história comum, mas, ainda assim, eficaz.
Em “Ni Une, Ni Deux”, no título original, a famosa atriz Julie Varenne (Mathilde Seigner) está desesperada por não agradar mais seu público. Quando finalmente consegue um bom contrato para estrelar uma comédia, ela se submete a um procedimento estético que não dá nada certo. É nesse momento que Julie se lembra de Laurette (Mathilde Seigner), uma fã que conheceu há tempos em um restaurante parisiense e com quem se parece bastante fisicamente. A atriz pede a Laurette que se passe por ela durante as gravações, sem suspeitar de que ela, na verdade, é sua irmã gêmea.
Irmãs gêmeas com comportamentos completamente distintos e uma situação complicada a se enfrentar. O tema da duplicidade é o que sustenta toda a obra e, dessa forma, se mostra essencial aos filmes sobre farsas cômicas que existem desde os primórdios do cinema. Nesta obra, o pilar desse fator é ninguém mais ninguém menos do que a própria Mathilde Seigner. Interpretando as duas protagonistas do longa, a atriz consegue transpor essa dualidade de personalidades de forma tão natural que conseguimos até esquecer que é a mesma pessoa interpretando as gêmeas francesas.
A comédia é leve e gostosa de se assistir, principalmente nessa época de fim de ano. A fotografia do longa acompanha esse clima e transmite ao espectador uma sensação de conforto e felicidade por meio de seus planos ensolarados e coloridos. Uma bela composição. É tudo muito bem emendado e fácil de se ver, com certos momentos em que a risada é certa.
Talvez o que atrapalhe “Minha Irmã de Paris” de ser ainda melhor seja o fim de seu roteiro. Uma certa obviedade ao longo da trama e no desfecho dos fatos nos leva a um final, de certa forma, inexpressivo e rápido, destoando de toda a construção cautelosa da história que o filme vinha propondo e do tom romântico e quase poético oferecido por toda a sua duração, apesar de os finais de cada irmã serem doces e coerentes. Contudo, isso não afeta em nada a qualidade da obra que continua sendo uma opção muito boa de entretenimento para fechar o ano de 2019.
O filme todo é uma grande lição e uma fábula familiar sobre laços fraternos e o amor e a ligação entre duas irmãs que superou tempo e espaço. A narrativa é assumidamente irreal e não foge desse fato em momento algum. O espectador tem ciência disso e se deixa levar por toda a trama alegre e, de certa forma, fantasiosa.
“Minha Irmã de Paris” é excelente e realiza muito bem tudo o que se propõe a fazer. É um inocente conto de fadas (acredito que possa ser chamado desse jeito) e nos transporta a uma realidade leve e a uma história mais leve ainda. Entrei na sala de cinema sem criar expectativas e saí com um sorriso no rosto esperando a hora de rever o filme com minha família.
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