Crítica | Estrada sem lei – Além de Bonnie e Clyde
O bem articulado e desenvolvido plano para capturar e matar um dos maiores casais de ladrões de todos os tempos ganha filme, Estrada sem lei disponível pela Netflix.
Produzido pela Netflix, dirigido por John Lee Hancock e estrelado por Kevin Costner, Woody Harrelson e Kathy Bates, Estrada sem lei traz de volta parte da história do casal mais romantizado da história americana.
Nos anos ‘30 quando Bonnie e Clyde começaram a praticar assaltos à bancos e pequenos furtos a polícia local não imaginava que teria tanto trabalho pela frente. Após inúmeras tentativas falhas em capturar a dupla, e com as mortes constantes de policiais por eles a governadora do Estado entra no caso e decide que precisa colocar um fim naquela onda de crimes. Para isso, estabelecem contato com os agentes especiais, Frank Hamer (Costner) e Maney Gault (Harrelson).
O detalhe que poderia ser preocupante a respeito dos agentes é que eles estavam, há tempos, aposentados do serviço. Essa é uma questão muito bem colocada no longa em cenas que enfatizam a preocupação com a idade e a falta de habilidade, como a cena em que Frank (Costner) volta a praticar o tiro em garrafas no ar, sem muito sucesso, e quando Maney (Harrelson) é questionado por seu neto sobre ter sido um herói.
Esse aspecto leva a momentos onde os próprios agentes começam a duvidar de si mesmos, às vezes pela falta de resistência física durante a investigação do caso, outras pela insistência de outras pessoas em relembrar os grandes feitos da dupla.
Também é explorado sutilmente a relação que Bonnie e Clyde tinham com seus familiares, considerando que a aproximação entre eles foi um ponto decisivo para a sua captura e morte. Toda a comoção da cidade natal do casal também é mostrada, dando a impressão de que toda a conduta deles seria justificável por serem tão preocupados com as suas famílias e amigos. Isso também ocorre após a morte dos criminosos em uma cena que choca ainda mais por ter sido verídica.
Estrada sem lei traz uma fotografia e trilha sonora que se encaixam muito bem, mas quem espera apenas por cenas de tiroteios e perseguições sem pausa pode achar um tanto entediante, já que a proposta do roteiro não se limita à isso. Por mais que o foco pareça ser os criminosos, não é.
Para aqueles que conhecem essa parte da história americana como para os que desconhecem é interessante ver sob o ângulo dos agentes, sendo uma perspectiva que mostra tanto a necessidade de se fazer o trabalho como de se ter consciência daquilo que esta sendo feito.
Assista ao trailer: