Crítica | Aves de Rapina – Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa
Após o rompimento de seu relacionamento com o Coringa, Arlequina busca reencontrar a si mesma em Gotham. Enquanto isso, todas as pessoas que ela prejudicou querem vingança, já que agora a protagonista não é mais protegida pelo seu ex-parceiro. Uma dessas pessoas é o antagonista do filme, Roman Sionis, que quer a cabeça da Arlequina, mas faz um acordo com ela pela sua liberdade. Arlequina terá que recuperar um diamante que se encontra com a jovem Cass para pagar sua dívida com Sionis. Ao mesmo tempo, a policial Renée Montoya trama com a infiltrada Canário Negro para descobrir o paradeiro desse mesmo diamante. Por fim, temos ainda a Caçadora, que também está buscando vingança contra Sionis. A trama acompanha cada um desses acontecimentos pela visão da Arlequina – a narrativa do filme é não-linear e em primeira pessoa (temos vários momentos com voz-over e quebras da quarta parede), algo que lembra um pouco o primeiro Deadpool. O filme não é sangrento mas tem muito palavrão, talvez por esse motivo a sua classificação indicativa seja de 16 anos. O filme é engraçado e tem um ritmo rápido e cheio de ação, as lutas estão muito boas e mesmo quem não gosta de ação pode se encantar com as belas coreografias em câmera lenta. Aves de Rapina é muito rico visualmente, desde as lutas até o figurino, temos momentos bem criativos dentro da narrativa.
Por se tratar de várias personagens, é de se admirar que a gente consiga sentir empatia pela maioria delas. Mas mesmo assim parece que o que é apresentado não é o suficiente para preencher a curiosidade do público. Ou seja, elas são bem construídas, mas não bem desenvolvidas. E, o que sobra de carisma por parte do elenco feminino, falta no papel de Roman Sionis. O antagonista é caricato e unidimensional, e isso parece oscilar durante o filme, ora combina com a proposta e ora destoa.
Um grande trunfo do filme é que a equipe é em sua maior parte feminina. Isso traz muita autenticidade e organicidade para Aves de Rapina. Os diálogos são condizentes e até o modo de lutar é único, não vemos as moças demonstrando tanta força física e sim outras habilidades, por exemplo. Além disso, também vemos muito menos uma sexualização por parte dos enquadramentos e figurino, o que ainda não é o ideal mas é um bom avanço.
A sequência de Esquadrão Suicida é muito superior ao seu antecessor, mas essa era uma tarefa fácil. Aves de Rapina tem grandes acertos mas parece faltar tempo para desenvolver aspectos de storytelling. Entretanto, as cenas de ação compensam e podem cativar até quem não curte muito o gênero. O filme diverte e até contextualiza um pouco situações machistas do cotidiano, mas no geral poderia ter sido melhor.
Confira o trailer: