Crítica | As Ineses

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As Ineses é uma comédia dramática argentina, dirigido por Pablo José Meza, que segue dois casais vizinhos cujo as filhas nascem no mesmo dia, entretanto, após uma confusão, ambas as famílias caem na dúvida se seus bebês foram trocados.

Centrado na década de 80 no primeiro ato, a questão principal para causar isso é a cor dos bebês visto que o casal principal, branco e loiro, recebe uma criança levemente morena e o casal secundário, cujo o pai é um brasileiro negro interpretado pelo André Ramiro, recebe um bebe quase ruivo. Já que nem as mães tem certeza se houve troca ou não, elas decidem dar o mesmo nome às meninas.

O roteiro ingênuo, também escrito por Meza, se desenrola focando no desentendimento entre os casais junto com uma sogra intrometida, sem necessariamente dar profundidade à eles, tornando-os figuras caricatas do dia a dia que entram numa narrativa cheia de coincidências e conveniências que ignora a simples solução de fazer um teste de paternidade e, por isso, usa e abusa de achismos e usa suas coincidências como recurso para alertar o espectador à quem pertence cada criança.

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A comédia em si está nos vários planos sequenciais que os cinco adultos passam brigando e isso ajuda o longa a se aproximar do pastelão, beirando a mediocridade. Além disso, as personagens-título sofrem com a péssima passagem de tempo (que pula 10 anos e ninguém envelhece a não ser as crianças) e são colocadas em segundo plano já que não se preocuparam em desenvolver a personalidade das garotas; o roteiro estava mais interessado nos adultos brigões.

Existe também a tentativa falha de construir um drama envolvendo doenças, que são representados por uma tosse seca e nada mais, e acidentes, que convenientemente se encaixam para dar um desfecho à narrativa. O problema aqui é que a profundidade das camadas dos protagonistas é insuficiente para aproximar o espectador à obra, portanto não existe muito espaço para um drama.

As Ineses não é nada além de uma comédia rasa que não procurou explorar as direções que seu enredo poderia seguir e preferiu se aliar à ingenuidade e entrega um filme corrido com personagens fracos, caricatos e mal desenvolvidos.

Veja também: “Crítica | Roma

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