Crítica | Ameaça Profunda – A Primeira Grande Ficção de 2020

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Em 9 de janeiro de 2020 somos apresentados a uma das primeiras grandes produções de ficção científica do ano. Com um orçamento que beira os 80 milhões de dólares, “Ameaça Profunda” (“Underwater”, no original) é dirigido por William Eubank e conta com o protagonismo de Kristen Stewart e ainda com nomes como T.J. Miller e Vincent Cassel em uma aventura de tirar o fôlego.

Em “Ameaça Profunda”, seis membros de uma tripulação estão presos em uma instalação submarina a onze mil metros de profundidade que está sendo inundada em alta velocidade como resultado de um terremoto devastador. A única chance de sobrevivência da equipe é atravessar o leito oceânico até uma distante plataforma abandonada, caminhando nas profundezas marítimas com quantidade insuficiente de oxigênio. Além dos desafios físicos envolvidos na viagem, eles rapidamente descobrem que estão sendo caçados por predadores marinhos misteriosos e que, para escaparem, medidas extremas e planos precisos precisarão ser executados.

“Ameaça Profunda” foi, provavelmente, uma das produções mais prejudicadas pela compra da 20th Century Fox pela Walt Disney Company. Filmado em 2017, o longa chega aos cinemas sem a chance de participar das últimas temporadas de premiações e com a missão de inaugurar o calendário de 2020. Contudo, apesar do cenário conturbado que envolveu o seu lançamento, a espera vale a pena e o filme cumpre bem o seu objetivo, entregando ao espectador tudo o que se pode esperar de uma ficção e agradando aos fãs do gênero, fato que o fez ser chamado de “Armageddon debaixo d’água”.

A dose de suspense inserida em “Underwater” por sua dupla de roteiristas (Adam Cozad e Brian Duffield) e por seu diretor é certeira, de modo que a ansiedade e a adrenalina durante o filme são crescentes, assim como o tamanho das criaturas. Ficamos vidrados em cada cena de ação que se mostra de maneira completamente claustrofóbica e envolvente e nos tornamos o oitavo membro da equipe sobrevivente, tendo a chance de nos sentirmos dentro do filme e de presenciar e enfrentar cada corredor submerso escuro e cada ataque sombrio das profundezas.

Um dos pontos fracos do filme, contudo, é o desenvolvimento raso de certos personagens. Norah (Kristen Stewart) é um dos poucos e incríveis pontos fora da curva nesse quesito. A atriz está excelente e praticamente carrega o peso dramático dessa equipe nas costas, trazendo à vida uma personagem profunda e bastante real. Seguida bem de perto, temos o Capitão (Vincent Cassel), que vive um papel complexo por ter diversos dilemas para lidar, ao mesmo tempo em que precisa comandar e tranquilizar todo o seu grupo. O resto da equipe, porém, não tem a mesma sorte. Paul (T.J. Miller) não passa de um alívio cômico, apesar de funcionar bem no papel que precisa desempenhar em meio ao cenário caótico que somos apresentados. Emily (Jessica Henwick) e Liam (John Gallagher), que formam um casal completamente sem química que não têm peso algum para quem assiste, e Rodrigo (Mamoudou Athie), um grande potencial para a obra que é desperdiçado pela presença reduzida. A não identificação do público para com alguns personagens é um problema, uma vez que a obra conta com, literalmente, 7 atores.

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O ambiente do filme é aterrorizante e contribui muito para o tom desejado pelos produtores. O design de produção cria uma atmosfera de horror completamente imersiva, com um plano de fundo subaquático que dá medo, uma vez que a constante água turva limita nossa visão e a guia apenas para onde os responsáveis desejam que olhemos, tornando tudo mais imprevisível e assustador. Porém, a adaptação desse tom, por vezes, se limita ao uso de uma câmera descontrolada para nos desorientar e a falas expositivas que têm como objetivo dar mais peso e significado para os acontecimentos do que eles próprios conseguem transmitir. O filme transita na corda bamba entre pontos extremamente bons e certos momentos forçados.

“Ameaça Profunda” é um primor visual e conta com isso para se distanciar de outras produções e para estabelecer seu lugar na prateleira das ficções. Kristen Stewart é o principal ponto positivo do filme e, juntamente com o tom de suspense e horror adotado, transformam o que, para alguns, pode ser considerado mais do mesmo. Dentre fatores positivos e fatores negativos, “Underwater” é uma grande opção de entretenimento e abre o calendário de 2020 do cinema com o merecido status de uma grande ficção.

Assista ao trailer:

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