Dos nove indicados ao Oscar de Melhor Filme, 1917 é o que permanece na memória do espectador por mais tempo. Não que o surpreendente Parasita perca a atenção chocante , mas, em questão de arte cinematográfica, o drama sobre a Primeira Guerra Mundial emplaca seus concorrentes. Ainda que, para tanto, o horror da guerra tenha sido o cerne do roteiro, a fotografia, a trilha sonora e o efeito visual desviam o olhar do público para a perseverança.
Em 1917, o cenário é o mesmo da 1ª Guerra, mais precisamente, o da batalha de Passchendale. Inspirado nos relatos de seu avô, o diretor Sam Mendes (Beleza Americana, 007 Skyfall) nos traz a jornada de dois soldados britânicos para entregar uma mensagem que pode salvar 1,6 mil companheiros. Atravessando um longo território, antes ocupado por inimigos, eles encontram o horror da guerra.
Magistralmente, Mendes acerta no plano-sequência para mostrar esta história com a perspectiva mais real possível. Sua técnica foi perfeitamente aplicada, levando em consideração o trabalho conjunto do diretor de fotografia Roger Deakins (Blade Runner 2049) ao usar várias tomadas sem cortes para depois conectá-las. Uma técnica genial que faz parecer uma única tomada de câmera. A incrível arte visual é o ponto chave deste belo longa, que merece todos os méritos técnicos.
O que Mendes e Deakins fizeram em “1917” os coloca no hall dos cineastas simpatizantes ao plano-sequência. Com cenas, aparentemente, sem cortes e edições, o longa crava na mente de quem o assiste uma visão humana dos atordoantes momentos nas trincheiras. Não há sinal de mudanças técnicas nas cenas, o que enriquece o filme, mostrando ainda o quão essencial é retratar uma guerra com a maior imersão possível em apenas um plano .
Nada é mais humano em um gênero de guerra do que a atuação verossímil aos fatos. Durante o longa, a presença dos soldados Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) impressiona e estabelece a perspectiva do horror.
A trilha sonora oscila bem entre os altos e baixos, que remetem aos perigos das trincheiras e à atenção certeira de um soldado em campo do adversário de guerra. O compositor Thomas Newman (Beleza Americana) é mestre em trazer ainda o drama de um personagem nos momentos de calma depois da agitação.
Com toda a sincronia entre técnica e arte, 1917 inova na perspectiva do horror da Grande Guerra e arrebata, primordialmente, o público entusiasta aos filmes do gênero.
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